Os festejos de S João, são manifestações enraizadas no mais profundo do ser humano. Por esta altura a nível mundial, no Hemisfério Norte, acontece o Solstício de Verão, que os povos sempre associaram a tempos de mudança, daí o "queimar" o antigo para dar espaço às novas colheitas, quer de cereal e sementes, dos fenos, da lenha etc. Hoje evocamos o nome de S João, mas as manifestações continuam com cunho popular, a que o santo não era dado, pois era um asceta sóbrio que vivia no deserto, comia gafanhotos e se cobria de peles.
Cá na nossa aldeia as fogueiras têm o sentido do "defumar as casas". Os defumadouro são de bom augúrio, pois espantam os maus espíritos, deixando assim espaço para os bons. "Quando antigamente as crianças andavam definhadas dizia-se: Tens de defumar a cachopo"
Mas também é um momento de mostrar quem faz a maior fogueira e para isso as pessoas, de todas as idades, correm a aldeia a para ver qual é a maior.
As medidas tiram-se pelo salto que tem de se dar para lhe passar por cima, ficando assim com a ideia de grandeza e vai-se defumando o corpo.
Estas arruadas são para todos, novos e velhos, e é uma animação pois é um momento de partilha e comunhão de uma tradição que aquece.
A aldeia, ao escurecer do dia 23 de Junho adquire um aspecto irreal, pois o fumo enche as ruas, entra nas casas e sobe ao ar dando a sensação de que a aldeia flutua
Estas fogueiras do S João são mesmo especiais pois nem tudo se queima, só plantas verdes como o Trovisco, a Belaluz, Canas Babosas, entre outras que dão um aroma especial ao fumo.
São momentos muito bem conseguídos os que aqui deixamos. Para quem não os viveu sentir saudades e avivar recordações.
At Ento